Objetivos da Oficina: Permitir
que alunos de ensino fundamental possam ter contato com jogos teatrais e de improvisação. Separando nitidamente o processo do produto, este sendo a ‘peça’ final. Mostrando a importância de um longo caminho antes de se propor um texto
dramático. Que entendam o ‘estar em jogo’, jogar com o corpo e solucionar os
problemas propostos pelos jogos, podendo estes ter relação com o cotidiano dos
alunos.
Conteúdos trabalhados:
- Aquecimento/Alongamento: Consciência do corpo, postura da coluna vertebral (como agachar ou levantar), andar preenchendo os espaços, compartilhar exercícios de aquecimento.
- Respiração: Costo-diafragmática, sentir as costelas se separando, utilizar todo ar que entra.
- Trabalho em grupo: Consciência coletiva, poder trabalhar com qualquer colega, sem distinção de sexo. Poder massagear, tocar e jogar em grupo. Fisicalização de objetos, percepção do ambiente e das pessoas que nele vivem.
Avaliação Final:
Ser
professora de uma turma que você nem sabe como se comunicar no primeiro dia e
na despedida você faz uma roda de conversa sem ajuda de um intérprete é
realmente algo grandioso. Foram dias de muita aprendizagem. De conhecimento de
uma nova cultura, dos estudos surdos, da comunidade surda e seus direitos e
lutas.
Essas
oficinas e o próprio Projeto Teatro nas Escolas são exemplos das diversas
formas que o teatro pode entrar na comunidade escolar e na sociedade. Tenho
sempre a preocupação de que os alunos estejam confortáveis com os jogos que
estão fazendo, que gostem e se divirtam. Claro que não é sempre assim, mas para
que os erros fossem menores, fazíamos uma avaliação a cada fim de aula para
saber se estavam gostando dos jogos. O que interessante foi que jogos propostos
bem no início foram lembrados e feitos novamente. Eles gostavam bastante do ‘Eu
amo você, porque...’ e sempre pediam para fazê-lo, o bom era que meu
vocabulário aumentava ao passo que eles se envolviam num jogo que lhes dava
prazer.
Embora
a maioria dos exercícios fosse
feitos por uma dupla de meninos e uma de meninas, após um certo tempo eles
foram se permitindo jogar entre si e comigo também, pois no início tinham
vergonha de tocar em mim. Entrei com um objetivo de fazer um teatro onde surdos
e ouvintes pudessem interagir e acabei percebendo que podia fazer simplesmente
um teatro de surdos, com os assuntos surdos.
Outro
ponto positivo de nossas conversas era que podia trazer para a oficina assuntos
de ordem global e discutir com eles e usar isso em cena. Entender as formas
alternativas que um surdo vive neste mundo de ouvintes. Utilizar a precisão das
mãos para fisicalizar
objetos e fazer espaços imaginários virem à tona: “O teatro está inserido no
cotidiano do surdo em suas expressões faciais e corporais”. Ainda mais
envolvente foi aprender jogos com eles, jogos próprios da cultura surda, com
sinais.
No
entanto, entre todas essas positividades pude também passar pelo preconceito de
ser uma ouvinte em meio a surdos, que é o reflexo da opressão que outrora
passaram. Mesmo assim continuo pesquisando e tentando interagir pelo encanto
que eles me causaram, pela vontade de aprender e passar meus poucos
conhecimentos até então de teatro na educação. Comentários breves de uma nada
breve jornada interior de autoconhecimento e conhecimento alheio. Percepção de
que alunos de, 14, 15, e 17 anos podem respeitar sua aula e interagir com ela e
aceitar seus conselhos.
Andressa Lopes
Andressa Lopes
[1]
Movimento surdo em prol da educação e cultura surda. Setembro azul Rio Grande
do Sul. Disponível em: http://setembroazulrs.blogspot.com/
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