O Projeto de Extensão Teatro nas Escolas está vinculado ao Curso de Teatro - Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas e tem por objetivos: estimular o desenvolvimento da criatividade e ampliação do imaginário na criança e adolescente através do contato direto com jogos e exercícios teatrais e promover a prática no ensino de teatro aos acadêmicos envolvidos.

Coordenação
: Prof.ª Fabiane Tejada da Silveira; Profª Vanessa Caldeira Leite.


Bolsistas: Acadêmicos Dionata Lopes;
Andrea Guerreiro; Ingrid Duarte

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Relato sobre Escola Alfredo Dub


Objetivos da Oficina: Permitir que alunos de ensino fundamental possam ter contato com jogos teatrais e de improvisação. Separando nitidamente o processo do produto, este sendo a ‘peça’ final. Mostrando a importância de um longo caminho antes de se propor um texto dramático. Que entendam o ‘estar em jogo’, jogar com o corpo e solucionar os problemas propostos pelos jogos, podendo estes ter relação com o cotidiano dos alunos.

Conteúdos trabalhados:
  • Aquecimento/Alongamento: Consciência do corpo, postura da coluna vertebral (como agachar ou levantar), andar preenchendo os espaços, compartilhar exercícios de aquecimento.
  • Respiração: Costo-diafragmática, sentir as costelas se separando, utilizar todo ar que entra.
  • Trabalho em grupo: Consciência coletiva, poder trabalhar com qualquer colega, sem distinção de sexo. Poder massagear, tocar e jogar em grupo. Fisicalização de objetos, percepção do ambiente e das pessoas que nele vivem.
Avaliação Final:

Ser professora de uma turma que você nem sabe como se comunicar no primeiro dia e na despedida você faz uma roda de conversa sem ajuda de um intérprete é realmente algo grandioso. Foram dias de muita aprendizagem. De conhecimento de uma nova cultura, dos estudos surdos, da comunidade surda e seus direitos e lutas.

Essas oficinas e o próprio Projeto Teatro nas Escolas são exemplos das diversas formas que o teatro pode entrar na comunidade escolar e na sociedade. Tenho sempre a preocupação de que os alunos estejam confortáveis com os jogos que estão fazendo, que gostem e se divirtam. Claro que não é sempre assim, mas para que os erros fossem menores, fazíamos uma avaliação a cada fim de aula para saber se estavam gostando dos jogos. O que interessante foi que jogos propostos bem no início foram lembrados e feitos novamente. Eles gostavam bastante do ‘Eu amo você, porque...’ e sempre pediam para fazê-lo, o bom era que meu vocabulário aumentava ao passo que eles se envolviam num jogo que lhes dava prazer.

Embora a maioria dos exercícios fosse feitos por uma dupla de meninos e uma de meninas, após um certo tempo eles foram se permitindo jogar entre si e comigo também, pois no início tinham vergonha de tocar em mim. Entrei com um objetivo de fazer um teatro onde surdos e ouvintes pudessem interagir e acabei percebendo que podia fazer simplesmente um teatro de surdos, com os assuntos surdos.

Outro ponto positivo de nossas conversas era que podia trazer para a oficina assuntos de ordem global e discutir com eles e usar isso em cena. Entender as formas alternativas que um surdo vive neste mundo de ouvintes. Utilizar a precisão das mãos para fisicalizar objetos e fazer espaços imaginários virem à tona: “O teatro está inserido no cotidiano do surdo em suas expressões faciais e corporais”. Ainda mais envolvente foi aprender jogos com eles, jogos próprios da cultura surda, com sinais.

No entanto, entre todas essas positividades pude também passar pelo preconceito de ser uma ouvinte em meio a surdos, que é o reflexo da opressão que outrora passaram. Mesmo assim continuo pesquisando e tentando interagir pelo encanto que eles me causaram, pela vontade de aprender e passar meus poucos conhecimentos até então de teatro na educação. Comentários breves de uma nada breve jornada interior de autoconhecimento e conhecimento alheio. Percepção de que alunos de, 14, 15, e 17 anos podem respeitar sua aula e interagir com ela e aceitar seus conselhos. 

Andressa Lopes




[1] Movimento surdo em prol da educação e cultura surda. Setembro azul Rio Grande do Sul. Disponível em:  http://setembroazulrs.blogspot.com/


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